quarta-feira, 10 de novembro de 2010

:: Poema

como eu queria agora um cafe forte de coador
ver a água ferver, escurecer e escorrer
fazer cara feia sem sentir dor
limpar a boca com as costas das mãos e com desprezo
estalar os lábios: menos satisfação e mais torpor

queria agora um café forte de coador
buscando sinestesicamente teus sabores
cinicamente minhas dores
descobrir pelos cantos da casa seu odor

um café forte de coador
com aquele cheiro só seu
todo açucarado, melado
cheio de cristais

cafezinho forte de coador
sem motor, sem barulho, sem pressa: só fervor.