quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

:: poema (?)


Às vezes quero lançar-me via
Par metálico
Pra você
Estampar minha cutis na sua
No seu olfato
E povoar com meu cheiro o paladar
Do céu
Da tua boca
E que assim você degluta
Em
Gula
Meu amor
Todas as sílabas que só
Letram
Em mim

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

:: Poema (?)


-Sem título-

Há versos pelos quatro cantos
Vieram com os ventos
Aos uivos
: espanto!
Entre silêncios e desvios
Fogem à boca e escorregam
Ao pé d'ouvido
: arrepio!
Há versos e quereres de um tanto
Indizíveis deslizam malícias
Aos lábios
: encanto!

21/09/2015

domingo, 23 de agosto de 2015

:: Poema (?)


Haicai - 19/08/2015

Clara luz do dia
os prédios desenham sonhos
sobre a manhã fria




:: Poema

História I

- para A. Maria -

Certa vez
nos idos de já faz algum tempo
no fim de uma samba
quando tudo era silêncio
alguém gritou
: dor!
assutado, olhei
ela sorria, faceira, no fundo do bar
achei bonito aquele paradoxo flertando
com a madrugada
: guardei.


sábado, 6 de junho de 2015

:: Poema (?)


Estive por um fio
escorria por ele a vontade que os homens tem
de serem grandes, alguém
: jogador de futebol, piloto, empresário
marido, pai ou algum outro tipo de mandatário
Depois que tudo isso escorreu não ficou mais nada
apenas o que sou eu
Sem autoridade alguma 
cheio de vaidade nenhuma
vazio de quereres que aos olhos dos outro enchem
sobrou um eu (quase)
genuíno
De olhar grave, seco, quase calmo e sobretudo
Livre
E uma vez liberto pude
finalmente
amá-los
Me esvaziei de tudo que era dos outros
para me encher de afeto
: só assim sei amar.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

:: Poema (?)

Haicai 18/05/2015

A vida é um (e)terno
e q u i l í b r i o
Entre o silêncio e o gemido


sexta-feira, 6 de março de 2015

:: Poema (?)

Haicai 03/2015

Na quarta-feira de cinzas
A quadra vazia
Reclama o tamborim

06-03-2015

terça-feira, 3 de março de 2015

:: Poema (?)

Haicai 1/2015

Num dia de março
Minha vida - distraída
Brincava de outono

N. 02-03-2015

domingo, 22 de fevereiro de 2015

:: poema (?)

o cheiro de orégano nas
pontas de meus dedos e o
ritmo acelerado de meu coração
atestam que você não veio e a janta
ficou fria em cima do fogão
sozinha...
o silêncio e minha fome dialogam 
: eu fico mudo no meio dessa
briga que já não é mais minha

algumas cores algumas músicas algumas
manias minhas não te deixam sair daqui e
talvez por isso não tenha vindo

todas as nossas impossibilidades e todas as
nossas vontades de nada valem de nada 
podem diante desse branco real que cega
emudece e desespera lentamente esse peito
descompassado

Passou o ano novo o carnaval o dia mais importante
do ano e outras datas comemorativas virão

e o silêncio a espera a comida fria estarão aqui
buscando uma fresta uma festa um bloco desafinado de carnaval
uma sidra pra estourar um olho castanho pra cruzar
mirar e arder frio entre pequenos sorrisos na cozinha

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

:: Poema (?)


Cicatrizes

             
: carinhos que a carne não esquece.



domingo, 1 de fevereiro de 2015

:: Poema (?)


Paródia para Euclides:

O pobre é
Antes
(e depois)
de tudo um
Forte.


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

:: Poema (?)



Sobre o Tempo I

Não sei se com o passar dos anos
os pernilongos ficaram mais rápidos e
ziguezagueando de maneira mais habilidosa
talvez tenham subido alguns degraus na escala evolutiva

ou eu que envelhecido julgo com a mente rápido
movimentos bem longe de astutos ou precisos


Não sei se a vida era rápida assim antigamente
quando ainda quem sabe pequeno tudo era tempo

De pipa e bola primeiro e por muito tempo
de trabalhar e trabalhar ainda mais todo o tempo
de amar e amar muito mais depois sempre sem-tempo
Mas hoje rijo bato palmas no ar como se estivesse a celebrar

Um inepto estágio evolutivo em que tudo ainda fosse o mesmo
ziguezague de sempre só que mais mais lento.