terça-feira, 19 de outubro de 2010

::: Conto (?)

 

 I

 

Certa vez pele embriagada me ludibriou com caminhos do então: mordia meu calcanhar a escorrer sangue e do barro fez-me mais preso ao chão.

 

II

 

Flutuo na azia carbonizada: artérias ardem suavemente enquanto canto uma  canção desavisada aos que sorriem felizes de um modo simplesmente possível.

 

 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

:: Poema

- Sem título -

Guarde o desespero
O surto
O GRITO
Guarde tudo isso para depois.
Espere o silêncio
...
Mas não se iluda em prendê-lo
Que paz verdadeira não se tem nessa vida
E a utopia é combustível invisível nos teus pulmões
Não desperdice assim a insanidade
Munição tão cara não se joga fora
Alimente-se do trânsito
do aperto
do transe
da espera
das dores
da inveja
Tudo isso fortalece
E o teu trabalho, acredite, enobrece
Não adianta clamar
Todo ruído é feito de clamor
Teu piso é pedra
Teu riso é pedra
Tua cartilagem é de pedra
E a pedra dura porque é muda
Discreta: fortaleza de fragmento de terra.
Guarde o desespero
O surto
O GRITO
Guarde tudo isso para depois.