quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

:: Poema


hoje as mãos enrugaram como nunca
sob a água
pareciam comunicar algo
prestes a estourar
do fundo d'alma bolhas viajaram
léguas sanguíneas
e se mostraram ao centro espalmado
sem timidez

minutos-horas-sob-a-água
não afogaram
ou-sequer-deram-outra-perspectiva
menos decadente
do que a velhice estampada nas enrugadas
digitais dos dedos

hoje a vida enrugou como nunca sob
o aqueiro que escorre sem parar pelo ladrão
e que escapa das palmas (enrugadas)
entre meios

a água-víscera não se contém e expande
espalhando vícios
quem tentou coagular a água?
faz-se ver
quem tentou esticar a pele enrugada que espalma
na mão?
quem tentou deformar tudo que se sabe
mas finge que não?


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