terça-feira, 31 de março de 2009

:: Poema


 
Teorema ( O Beijo)
 
O beijo existe
no silêncio constrangedor do diálogo
 
 
 
 
 
 
Teorema ( O Sexo)
 
 
Na dúvida disse sim
negava-se ao não
Na pior das hipóteses
Sexo mesmo ruim é bão
 
 
 
 
Insônia
 
Na pressa de dormir
Acordou
A lua que ia com a nuvem
Voltou
 
 
Da Crise
 
ouviu falar sobre ações tóxicas
prejudicando a economia
decidiu pela abstinência
por puro instinto de filantropia
 
 
 
 "Escrever não seja ofício alheio ao chão de viver."
 
Thiago de Mello apud Ricardo Albuquerque in Versos Ilegais. SP. 2001
 

sexta-feira, 27 de março de 2009

:: Poema


"Capoeira que é bom
não cai!
E se um dia ele cai
cai bem!..."
- Vinícius de Moraes, Berimbal -

- Da angola -

A malícia da ginga
dribla o ar e o outro
imitando os dias e a vida.


quinta-feira, 19 de março de 2009

:: Poema

Aula de Literatura





Vínicius cá dentro
chuva torrente lá fora
e eu por toda parte...

segunda-feira, 16 de março de 2009

:: Poema

Like Odisseu

no céu o caminho de casa
sigo longe a noite fria
manto-estrela que me abraça


:: Poema

Self

hoje tudo beirou o nada
sol e frio num mesmo dia
a terra rachou ressecada

: Texto

A experiência é infinita, nunca paramos de aprender, assimilar e sedimentar algum tipo de conhecimento: somos seres culturais. Isso me parece obvio e quase incontestável.

De certo modo, com a afirmação acima, espero deixar claro que não me julgo alguém pronto, acabado ou dono de toda sabedoria mundana.

Entretanto, creio já ter vivido o suficiente em anos e em situações para tecer algumas considerações sobre um dia de trabalho.

Certa vez, ao substituir uma colega numa sala de 1º ano do ensino médio, deparei-me com uma realidade triste, não absurda, apenas triste.

Adolescentes de no máximo 16 anos simplesmente ignoravam minha presença, era como se realmente eu não estivesse ali; decidi não gritar, não autorizar saídas da sala e me neguei a atender solicitações individuais enquanto não pudesse falar com todos e contextualizar minha presença e objetivo. Alguns me diziam: "Professor, dá um grito"; "Se você não berrar, não adianta"; "Vixi professor, você vai ficar aí até amanhã". Continuei em silêncio.

Não acredito no respeito automático por parte deles – algo como só o avental me garante -, mas acredito no respeito ao outro ser humano que divide o mesmo espaço que você, no respeito a quem vai lhe falar algo e você primeiro ouve para depois contestar, e, principalmente, no respeito a quem está trabalhando: seja porteiro, bedel, faxineiro ou professor. A falta de respeito à pessoa, ao outro que lhe é semelhante me entristece sobremaneira.

O comportamento em sala de aula não é exclusivo daquele espaço, os vejo no shopping, na rua, os pais reclamam do comportamento, há uma minoria de alunos sofrendo bulling (?) e colegas professores nos trazem relatos cada vez mais tristes e desanimadores. Talvez sejam apenas coisas da idade, mas se não tiverem limites e aprenderem a respeitar as pessoas agora, quando aprenderão?

A imaturidade os impede de fazerem uso de instrumentos conhecidíssimos como o grêmio escolar, ou qualquer outra associação, para subverterem e melhorarem um tipo de ensino que não os agrada. Apenas se formam mal e causam muito, muito transtorno.

Não fosse nada não me entristeceria tanto, contudo, sendo filhos de quem são, podendo o que podem, esses serão os chefes, os empresários de amanhã – muito provavelmente alguns serão também políticos, afinal de contas, são parte de uma das elites que vivem em terras brasilinas.

Penso e ouço dizer que estamos em transição, numa fase em que nos remodelamos enquanto sociedade e que isso implica em perda, ou melhor, em transformação de valores - confesso ser difícil apontar vilões e vítimas: quem sabe somos todos, em certo grau, mocinh@s e bandid@s – porém não consigo disfarçar minha tristeza, saí completamente arrasado da sala, tão ignorado quanto antes. Pela primeira vez pensei em desistir. Espero seja só vaidade.

quinta-feira, 12 de março de 2009

:: Poema

 
Dia de Sol (dentro do escritório)
 
a pele se espinha
diante do fio gelado
do ar condicionado

sexta-feira, 6 de março de 2009

:: Poema

 
árvores sem movimento
o vento sucumbiu
à quentura do momento