terça-feira, 13 de dezembro de 2011

:: Poema



traços constroem no linho
horizonte possível
: desvios
 
 

:: Poema


o nordeste sempre foi
meu chão
sem lá estar
ou ir
sinto entre meus dedos
e calcanhar
Bahia Ceará Maranhão
Piauí
todos picados e batidos
à palma da mão
prensados
disformes
rachados
: chão



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

:: Poema



o som da enxada cava
fundo: metal e pedra se estranham
terra revolta

oxigênio

fratura exposta no chão
germes 
           vida
podridão

sangue calos suor
transfusão

vida inteiras à palma da mão

sedimentos
                 células
depósitos de brevidade
de nada
adubando
enriquecendo e nutrindo
solas pés e pão.




:: Poema


hoje as mãos enrugaram como nunca
sob a água
pareciam comunicar algo
prestes a estourar
do fundo d'alma bolhas viajaram
léguas sanguíneas
e se mostraram ao centro espalmado
sem timidez

minutos-horas-sob-a-água
não afogaram
ou-sequer-deram-outra-perspectiva
menos decadente
do que a velhice estampada nas enrugadas
digitais dos dedos

hoje a vida enrugou como nunca sob
o aqueiro que escorre sem parar pelo ladrão
e que escapa das palmas (enrugadas)
entre meios

a água-víscera não se contém e expande
espalhando vícios
quem tentou coagular a água?
faz-se ver
quem tentou esticar a pele enrugada que espalma
na mão?
quem tentou deformar tudo que se sabe
mas finge que não?