Poucos anos vividos, é o que me dizem alguns. Falas pelos cotovelos é o que dizem outros. Mas, principalmente, mais do que imaginam, escuto.
Sejam as histórias de irmãos e primos mais velhos, já que sou caçula de quatro filhos e oito netos, ou conversas alheias em trem, metrô, ônibus e filas – adoro os coletivos por isso – busco sempre ouvir, escutar e apreender algo.
Não há forma melhor de minimizar um problema do que comparar-se a alguém numa situação pior, embora, às vezes, possa parecer maldade. Independente disso, acho que escrevemos diariamente pequenas lições que de um modo ou de outro merecem ser compartilhadas, mesmo que tenham este fim: servir de comparação minimalista a outros viventes.
Sinto hoje saudades de um molho de macarrão, de uma bronca, risada, carne com batatas. Também me vem ao peito a falta de um abraço em específico, de um arroz verde, de mil outras receitas, e, claro, ser acordado pelo beijo, olhar e sorriso. Nunca mais os terei como já tive.
Aparece-me agora, vejam só, uma situação de perda certa – seis meses, um ano, talvez mais...mas quanto?
Certo é que existe um ziguezague constante nesta vida e é preciso contorná-lo, fazer o traçado, queira ou não. Preparados? Não, ninguém o está de fato – sempre derramaremos lágrimas e teremos ombros à nossa espera dizendo: Sabe, soube de uma história que...
Sejam as histórias de irmãos e primos mais velhos, já que sou caçula de quatro filhos e oito netos, ou conversas alheias em trem, metrô, ônibus e filas – adoro os coletivos por isso – busco sempre ouvir, escutar e apreender algo.
Não há forma melhor de minimizar um problema do que comparar-se a alguém numa situação pior, embora, às vezes, possa parecer maldade. Independente disso, acho que escrevemos diariamente pequenas lições que de um modo ou de outro merecem ser compartilhadas, mesmo que tenham este fim: servir de comparação minimalista a outros viventes.
Sinto hoje saudades de um molho de macarrão, de uma bronca, risada, carne com batatas. Também me vem ao peito a falta de um abraço em específico, de um arroz verde, de mil outras receitas, e, claro, ser acordado pelo beijo, olhar e sorriso. Nunca mais os terei como já tive.
Aparece-me agora, vejam só, uma situação de perda certa – seis meses, um ano, talvez mais...mas quanto?
Certo é que existe um ziguezague constante nesta vida e é preciso contorná-lo, fazer o traçado, queira ou não. Preparados? Não, ninguém o está de fato – sempre derramaremos lágrimas e teremos ombros à nossa espera dizendo: Sabe, soube de uma história que...
2 comentários:
Sobre esse tema, uma poesia da Elizabeth Bishop:
Uma certa arte
A arte da perda é fácil de estudar:
a perda, a tantas coisas, é latente
que perdê-las nem chega a ser azar.
Perde algo a cada dia. Deixa estar:
percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.
Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar,
destino que talvez tinhas em mente
para a viagem. Nem isto é mesmo azar.
Perdi o relógio de mamãe. E um lar
dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.
Duas cidades lindas. Mais: um par
de rios, uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.
Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar
que eu amo), isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar
de parecer (Anota!) um grande azar.
Por Nelson Ascher, em 'Poesia Alheia'.
Achei a do Horácio bem mais bonita, mais refinada. Mas preferi 'voz jocosa' a 'voz que ria'. Impressionante como parece não se tratar de um mesmo poema.
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