terça-feira, 5 de outubro de 2010

:: Poema

- Sem título -

Guarde o desespero
O surto
O GRITO
Guarde tudo isso para depois.
Espere o silêncio
...
Mas não se iluda em prendê-lo
Que paz verdadeira não se tem nessa vida
E a utopia é combustível invisível nos teus pulmões
Não desperdice assim a insanidade
Munição tão cara não se joga fora
Alimente-se do trânsito
do aperto
do transe
da espera
das dores
da inveja
Tudo isso fortalece
E o teu trabalho, acredite, enobrece
Não adianta clamar
Todo ruído é feito de clamor
Teu piso é pedra
Teu riso é pedra
Tua cartilagem é de pedra
E a pedra dura porque é muda
Discreta: fortaleza de fragmento de terra.
Guarde o desespero
O surto
O GRITO
Guarde tudo isso para depois.

Um comentário:

Kinha disse...

Me identifiquei muito com o poema, principalmente com os versos:
"Que paz verdadeira não se tem nessa vida
E a utopia é combustível invisível nos teus pulmões"

Estou me lembrando agora de um convite que eu recebi...certo dia...para um café...será que ainda está de pé?