quarta-feira, 23 de junho de 2010

: Texto

Falar sobre o amor é sempre um risco absurdo de cair no clichê ou dar tiro no pé. De qualquer maneira, decidi correr esse ou esses riscos.

Não sou do tipo solteiro convicto como alguns gostam de ser ou parecer e como outros me classificam, aliás, costumo responder que sou um convicto da felicidade! Só ou acompanhado o sujeito deve buscar sua alegria, bem estar: felicidade. Para tanto, reproduzo um conceito comum em que a vida se constitui de momentos felizes e que como sabemos não são os únicos de uma vida minimamente normal.

Ao "involuntariamente" pensar neste assunto, imaginei o seguinte cenário: a mulher ideal seria além de linda – aos meus olhos -, amiga, admirável, independente e simples. Ela seria também carregada de uma alegria natural e essa seria sua única exigência: que você fosse também naturalmente alegre.

Idealização, clichê, obviedade ou qualquer outra coisa, pouco importa nome ou característica dada, o amor deveria ser assim.

O exemplo é dado por meio de uma mulher e ilustra um relação amorosa, porém isso se estende para tudo: pai para filho e vice e versa e , claro, amigos; aliás essa formula deriva muito da relação de amizade dentro e fora do círculo familiar.

É delicioso gostar de alguém e simplesmente não sofrer com suas viagens constantes ou longas, pelo contrário, curtir a ideia e superar a tristeza inicial por curtir a mesma expectativa boa do outro e depois ser também beneficiado da sua alegria e êxito: "o amor é paciente, cuidadoso e não tem vaidade" bíblia sagrada, corintios, 13. "O amor é […] amor", Camões.

Desconheço a contribuição da psicologia ou qualquer outra mais moderna, mas quando não é assim, pode até parecer amor, pa-re-cer.

Se machuca, se destrói, se afasta, ou seja, se a vaidade fala mais alto, o amor está contaminado ou não é amor.


Sobre saudade e ciúmes.


Saudade é presença em nós de algo bom do outro: "é amor que fica", citando um médico que cita um paciente. Ausência é, na verdade, presença. Todos somos provas de que valorizamos mais algo ou alguém quando somos afastados. Outra obviedade: saudade é bom, aliás, muito bom!

O ciúmes é fundamental em qualquer relação, desde que mantido a níveis seguros, funciona como o raio: descarga elétrica que fertiliza o solo.


Todos conhecemos uma ou outra história amorosa, filial ou de amizade que enche-nos de esperança ou de tristeza, isso é a vida real.

Particularmente não creio que minha definição inicial seja um idealização: temos em maior ou em menor medida esse amor paciente, cuidadoso e sem vaidade; precisamos sim é acordar para ele em todas as suas esferas: aproveitá-lo muito e oferecê-lo muito, contudo, para que isso seja real é indispensável que isso comece com seu interlocutor inseparável que é você mesmo.

Seja consigo o que gostaria que outros fossem: amigo, admirável, independente e simples.

Estar bem com seu eu, ou seja, em equilíbrio, é o mínimo que você pode fazer por você mesmo e por mais paradoxal que pareça, isso não quer dizer, nem de perto, rir o tempo todo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

:: Poema

DECLARAÇÃO


É você
mesmo que tardio
meu estalo
meu clichê
obviedade de minha confusão
É você
minha catacrese
meu ritmo acelarado
minha melopeia
É você
meu ato sem ação
minha insônia
meu riso amarelo
meu motivo de reclamação
É você
alegria que entristece
meu maior presente
manhã que me anoitece
É você
meu abono legítimo
meu algo no vazio
nascente da minha alegria
meu rio
É você
meu arroz caseiro
meu fuba com erva doce
doce de leite mineiro
É você
minha sombra
minha brisa
minha tapioca exagerada de Iracema
meu pôr do sol em Fortaleza
É você
sem dúvida
calor e calafrio
meu melhor estalo
mesmo que tardio.