domingo, 28 de março de 2010

:: Poema

Falta um coração
É que há dor e medo suficientes para dois
Há pós-modernidade demais para um
E versos vazios para um batalhão

Falta um coração
Mais forte, mais pão, maior
Com coronárias mais vermelhas
que a Marginal ou Vinte e Três

Falta um coração
Do tamanho de Itaquera
Frio e calculado
Maior que o Capão

Faltam mãos
Com seus dedos e palmas
Para em vão massagearem o peito
Desse fibrilado coração.

3 comentários:

Ella disse...

Faltam corações, e isso dói.
Parabéns pelo texto!

Norival Leme Jr disse...

Gracci, Ella.

Sds,
Norival

Kinha disse...

Se faltam corações, rifo o meu!

"Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu..."...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
(...)
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,só errei quando coloquei sentimento.Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer.
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
(...)
Oferece-se um coração vadio,sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,mesmo estando fora do mercado,faz questão de não se modernizar,mas vez por outra,constrange o corpo que o domina." (Clarice Lispector)