quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

QUINTA POETICA na CASA DAS ROSAS_26-11-09


Agradeço à Carmen pela disposição e pelo trabalho como um todo.

Cordialmente,
Norival

Quinta Poética - 26-11-2009 (anfitrião: Celso de Alencar)

Quinta Poética - 26-11-2009, promovido pela Escrituras Editora e Casa das Rosas (São Paulo, Brasil).

Celso de Alencar

79 –

http://www.youtube.com/watch?v=2zTPATLJzog

80 –

http://www.youtube.com/watch?v=ZRetfzP1U00

81 –

http://www.youtube.com/watch?v=gAGgFjE-9bg

117 –

http://www.youtube.com/watch?v=7QFlS6t3hdg

118 –

http://www.youtube.com/watch?v=Vxnt0Z0vx-I

133 –

http://www.youtube.com/watch?v=skrNnvD8Dzg

Ronaldo Silva (bailarino)

83 – não baixamos este vídeo, pois foi utilizada uma música de fundo de propriedade de terceiros

120 –

http://www.youtube.com/watch?v=9_hjsQw1pT4

Pedro Du Bois

84 –

http://www.youtube.com/watch?v=Sc4lXgi6x2I

85 –

http://www.youtube.com/watch?v=9GNcNXKO3T4

121 –

http://www.youtube.com/watch?v=1rHq3vHUzeA

Norival Leme Junior (jovem poeta)

87 –

http://www.youtube.com/watch?v=gUjR5Eiz_dU

88 –

http://www.youtube.com/watch?v=zpTv9yMORyg

89 –

http://www.youtube.com/watch?v=wqC_MuVxlFE

90 –

http://www.youtube.com/watch?v=kBhNmEgg18M

91 –

http://www.youtube.com/watch?v=GNC-N_gMRgA

92 –

http://www.youtube.com/watch?v=sslsJNM8zDA

93 –

http://www.youtube.com/watch?v=oV9AepVZ4MQ

94 –

http://www.youtube.com/watch?v=9RJZd-eQghc

95 –

http://www.youtube.com/watch?v=xeQN3acc2lM

96 –

http://www.youtube.com/watch?v=HDVQGA3m6yg

122 –

http://www.youtube.com/watch?v=dtPaiR6G2T8

Mary Castilho

98 –

http://www.youtube.com/watch?v=Ennvj0FthXM

99 –

http://www.youtube.com/watch?v=ff9sdeExa3I

101 –

http://www.youtube.com/watch?v=Gpr7b_CGNP0

102 –

http://www.youtube.com/watch?v=LAk-Cwsu2ps

103 –

http://www.youtube.com/watch?v=0GOTsJvBaJQ

104 –

http://www.youtube.com/watch?v=Ehmb7WKciUM

105 –

http://www.youtube.com/watch?v=XMnWiyWu4V8

124 –

http://www.youtube.com/watch?v=xdgjIv8DERQ

125 –

http://www.youtube.com/watch?v=jXw3xC-C3kM

126 –

http://www.youtube.com/watch?v=8-6qBZthwaY

Osvaldo Rodrigues

106 –

http://www.youtube.com/watch?v=SqbHJzE0C0k

107 –

http://www.youtube.com/watch?v=DTlsXVxxJso

108 –

http://www.youtube.com/watch?v=HCkSSL5eYQA

109 –

http://www.youtube.com/watch?v=pv29uoFbxik

110 –

http://www.youtube.com/watch?v=DaRV2CK-IDY

111 –

http://www.youtube.com/watch?v=9h_0_-ijPFY

112 –

http://www.youtube.com/watch?v=eeKVFlVMbTw

127 –

http://www.youtube.com/watch?v=zo-SklueKaE

129 –

http://www.youtube.com/watch?v=cg_LxNVsISU

130-

http://www.youtube.com/watch?v=jQ9JGPeZC2k

131-

http://www.youtube.com/watch?v=1mnxBdhpQUc

132-

http://www.youtube.com/watch?v=SbswZRkVi3M

Rudá de Andrade Filho interpretando poema de seu avô, Oswald de Andrade (participação especial)

115-

http://www.youtube.com/watch?v=DxgInRYjCXY

Julio Bittar (interpretando poema de Celso de Alencar)

116 –

http://www.youtube.com/watch?v=YiCMf-2_sQc



è Próxima QUINTA POÉTICA: 10 de dezembro de 2009, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS (anfitrião: José Nêumanne Pinto).



: Texto

Dias desses me pego deitado em minha cama, pronto para desabar em sono até o dia seguinte que viria logo, nada demais se eu não estivesse involuntariamente ou inconscientemente deitado da metade para baixo, ou seja, com pelo menos metade das pernas para fora cama.

Assim que o ato falho foi percebido, todos os problemas que circundam a cabeça de alguém que dorme hoje pensando no que fazer amanhã desapareceram, o que permitiu uma autoanálise quase que imediata.

A idéia de compensação imaginária foi a primeira a surgir, e confesso que ainda agora enquanto escrevo, dias depois, não foi completamente descartada; não fica atrás a de projeção, mero ato falho e, claro, coincidência.

Certo é que teve efeitos, um dos quais essa crônica é conseqüência, além de outros que não se revela em algo a ser publicado, mesmo porque, tudo já foi dito e resultou inútil, como qualquer poema.

Interessante saber que, ao contrário do que se imagina, é possível romper o bloqueio natural ora vigente de modo involuntário, embora ressalva seja feita, não é comum.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

:: Poema


 
 
coisa rotineira
dor vira música
entre as lavadeiras
 
 
distante do palácio 
trem lotado
corações racham o espaço
 
 
 
 

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

QUINTA POETICA na CASA DAS ROSAS_26-11-09







Escrituras Editora


e


Casa das Rosas convidam para a



QUINTA POÉTICA



com os poetas convidados


Celso de Alencar (anfitrião), Mary Castilho, Osvaldo Rodrigues,


Pedro Du Bois e o jovem poeta Norival Leme.


Participação especial do bailarino Ronaldo Silva.



Quinta-feira, 26 de novembro de 2009


a partir das 19h



Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos


Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP


Próximo ao metrô Brigadeiro.


Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74


Informações: (11) 5904-4499


è Próxima QUINTA POÉTICA: 10 de dezembro de 2009, quinta-feira, às 19h, na CASA DAS ROSAS (anfitrião: José Nêumanne Pinto).






Saiba mais sobre o evento e os convidados:



Quinta poética


Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas convidados e de um jovem poeta, que tem a oportunidade de apresentar seu trabalho. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.



Os poetas:


Celso de Alencar (anfitrião) é poeta e declamador paraense, radicado em São Paulo desde 1972. O poeta e crítico Cláudio Willer, afirma que se trata do mais enfático poeta contemporâneo. O compositor e poeta Jorge Mautner o considera um poeta da 4ª dimensão, escandalizador e libertador de almas. É reconhecido entre os grandes talentos da geração de 1970, se apresentou na Inglaterra, França e Portugal. Tem vários livros publicados, entre eles: Tentações (1979), Os Reis de Abaeté (1985), O Pastor (1994, infanto-juvenil), O Primeiro Inferno e Outros Poemas (1994 e 2001), A Outra Metade do Coração (CD- antologia poética) e Testamentos (2003). Participou de diversas antologias no Brasil e no exterior, além de publicações em revistas e periódicos. Palestrante e integrante de diversos júris de concursos de poesia. Ex-diretor da União Brasileira dos Escritores - UBE (gestão 1990/92 e 1992/94).



Mary Castilho é poeta, paulista, nasceu na cidade de Elisiário, mas em Catanduva é que foi criada e onde realizou seus estudos. Reside em São Paulo desde 1981. É Professora e Pós-graduanda de Literatura e Língua Portuguesa, além de revisora em diversos segmentos. Em 2005 publicou o livro Cântico dos Destorcidos, com apresentação dos poetas Álvaro Alves de Faria e Mariana Ianelli. Em 2003, teve poema publicado no livro Representações do Feminino, organizado pela professora Maria Inês Ghillard, edição PucCampinas/ Editora Átomo. Tem participado com regularidade de leituras e saraus, entre os quais, o do Centro de Encontro das Artes, organizado pelos poetas Renata Pallottini e Celso de Alencar e o da Galeria Olido, organizado pela Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo.



Osvaldo Rodrigues nasceu em Apucarana (Paraná) e vive em São Paulo desde 1960. Graduou-se em Tecnologia Mecânica pela FATEC-SP. Aos 20 anos teve seus primeiros poemas publicados na "1ª Coletânea de Poesias Inéditas" Ed. Grafik. Livros publicados: "Vôo Singular" (poesia, Ed. Autor-1979), "Mascando Esperanças com Dentes de Vidro" (poesia, Ed. Autor-1983) e "Fôlego", poesia, Ed. Autor-1985. Livros a publicar: "Porque não dois em um", romance de ficção.



Pedro Du Bois (Passo Fundo, RS, 1947) é poeta e contista, residente em Itapema, SC. Diversos livros publicados como editor-autor, artesanalmente, com tiragens mínimas distribuídas entre amigos e amantes da literatura. Vencedor do 4º Prêmio Literário Livraria Asabeça, 2004, com o livro "Os Objetos e as Coisas". Teve publicado, neste ano, pela Corpos Editora, Portugal, o livro "A Criação Estética". Divulgação em diversos blogs e sites literários, entre eles, Germina, Triplo V (e G), Modus Vivendi, Utopoesia, Blocos Online, Projeto Valise, Vale em Versos, Vidráguas. Blog pessoal: http://pedrodubois.blogspot.com/.



Norival Leme Junior (jovem poeta) é formado em Letras pela Universidade de São Paulo e professor da rede particular de ensino. Mantém o blog quiriri.blogspot.com e o www.twitter.com/juniornl. Distribui seus escritos por meio de uma lista de email com a série ::poemas da manhã:: e ::dedo de prosa::



Ronaldo Silva é bailarino e intérprete-criador, formado pela Universidade Anhembi Morumbi – Curso Dança e Movimento. Iniciou estudos em dança na década de 1970 com formação eclética, balé clássico, dança moderna, jazz, sapateado e folclore. Trabalhou com professores e coreógrafos renomados como Ismael Ivo, Marcos Verzani, Luis Ferron, Jorge Pena, Augusto Pompeu, Alonso Barros, Heloaldo Castelo e Silva, Isabelle Dufau, Derek Willians, Jean Marc Collet, Mariana Muniz, entre outros. Desde 1995, é membro da Dance and the Child international e representante regional da daCi na cidade de São Paulo (2000–2003). Formado em Psicoballet pelo Instituto de Psiquiatria e Psicoterapia da Infância e Adolescência. Atualmente atua como intérprete-criador na Cia. de Teatro e Dança Mariana Muniz ("Parangolés" – 2008 e "Nucleares" - 2009)






Escrituras Editora


Rua Maestro Callia, 123 - Vila Mariana
04012-100 - São Paulo - SP - Brasil
Tel.: (11) 5904-4499 (Pabx)


Site: www.escrituras.com.br


No Youtube: www.youtube.com/user/EscriturasEditora


Blog: http://escrituraseditora.blogspot.com/

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

:: Poema

No 1
 
Para Julio Galli
 
curioso, o tatu bola
quando assustado
deita e rola
 
 
 
 
 
num dia de março
o pôr-do-sol fatiado
fez em mim morada
 
 

domingo, 1 de novembro de 2009

:: Poema

Barulho

eco de bigband
jazz primordial
sussuro estelar quem vem na poeira dos dias
está em todo lugar
: solas de sapatos
lágrimas
cabelos
unhas
ancas
tampas
na cal metropolitana
espalha-se naturalmente
expande
continuando a criação do espaço
- talvez isso justificasse tanta saudade -
tantas diferenças e classes
tantos poréns e tantos ais
mas não nos afastemos
estamos onde estamos e a periferia vai
rasga o horizonte empurrando o pôr do sol
por isso lá é quente
verdadeiro
sorrisos e abraços inteiros
cachaça
sonho
pó.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

:: Poema


 
Premonição
 
mesmo figurando entre os primeiros
o beijo era carregado do sabor de distância
 
 
 
  

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

:: Poema



Contacto


a névoa despista e envolve o corpo
deixando todo toque torpe
contraindo músculos e osso




segunda-feira, 21 de setembro de 2009

:: Poemas

I

Sopra forte e sádico
o vento frio da tarde
que molha o feriado



II
Para L.Baptista


Versos no espelho
têm outro sabor
brincam de secretos
se revelando úmidos e discretos
na intimidade do vapor


III


as curvas que escondes
criam em mim outros mapas
sabe lá deus pra onde




:: Poema

Poemeto de consolo

Para Mariana B. Chaves


"as dores são todas iguais"
ainda assim é difícil supor
por que dói tanto em mim
a tua dor

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

::: Conto(?)


I
 
Não raro descia em Sta Cecília. Ficava perto da poesia, de lembranças bêbedas, mirava gérberas e girassóis; de quebra, flertava com o acaso.
 
II
 
Sonhou que amava. Já que amor é confuso como sonho, achou que era real. "Ami só uncê, si iela num quisé! qui amô dium é mió que amô ninhum".

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

::: Conto

I
 
Sentia-se mais tranquilo em dias cinzas e frios. Suava menos, não cerrava os olhos por causa da fotofobia e tinha desculpa para um destilado; nos tempos de fartura, um cabernet sauvignon, com esse agradava também a preta véia que insistia em aprender francês.
 
 

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

:: Poema

Meu lugar

Não reconheço meu bairro
Minhas ruas não me dizem nada
Já não encontro velhos amigos
Meus passos já não deixam lastro
A Igreja. Minha igreja já não é mais minha
O pároco se foi, os crismandos, a legião de maria
A rádio calou, os cantos já não consolam mais
A escola onde estudei, meus professores,
por onde andam meu professores
As quadras, as escadas, as tias, meu diretor, meus colegas
não os vejo mais em mim
Seu Teodoro se foi, o peixeiro não me acorda mais
O volei, o futebol, os balões
tudo ficou pra trás
Agora esse vento
esse raio de luz empoeirado
esse instante pausado que entra pela janela em meu quarto
é saudade
saudade de mim
de meu bairro.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

::: Contos

I
 
A mão no queixo denunciava possível reflexão, bela, intelectualizada, fatal ao sorrir, era sempre um tipo diferente de beleza...
 
II
 
Quando sentava em cima do pé gelado, sentia seu coração, contava os batimentos e julgava sua saúde. Pensava, triste, o que faltava realizar.
 
III
 
Acordei com grande senso de filantropia. Abracei no elevador, sorri no trânsito, distruibui trocados nos cruzamentos e paguei a padaria.
 
IV
 
Buscava abstração ou sublimação, não tinha certeza. Certo era que algo continuava muito errado, mas, de mãos atadas, só alcançava um livro.

domingo, 2 de agosto de 2009

::: Conto (?)


tudo em seu devido lugar: queijos para ratos, poeira para ácaros, papeis para traças.
sentiu-se deslocado, suspirou entediado, mirou a sala e abandonou o quarto.
 

:: Poema


cinza e rosa ao longe
o agora
agoniza no horizonte


:: Poema


silêncio no ocaso ecoa
ontem se faz presente
"tempo que voa"...


sexta-feira, 31 de julho de 2009

::: Conto

Morando longe tinha preguiça de voltar. Nenhum caminho de três possíveis lhe agradava. Já não tinha mais ânima para varar noites e trabalhar direto.
Não dava sorte no amor. O emprego ainda era, mas por um fio. Não tinha mais medo. Pudor ou Receio. Pensava na aposentadoria, faltavam 20 anos, mas sempre lhe cobraram planejamento. Sentia-se progredindo, mesmo contra toda expectativa e análise externa. Pensava, pensava e perguntava-se: o que quero mais? o que preciso mais para ser mais feliz?
Preferiu repensar mais um pouco, para não ser taxado de afobado. Acendeu um cigarro, mirou a ponta, encheu os pulmões e pensou "recapitulando, vamos lá...".

::: Conto

Procurava seu próximo passo no zodíaco. Folha de São Paulo, Metro, MetrôNews ou TVMinuto, antes de desembarcar na Barra-Funda. Decidia, assim, se se apaixonaria naquele dia, caso houvesse oportunidade, ou se assumiria postura racional.
Dizia-se ateu, outra vezes agnóstico, muitas vezes já o ouvi dizendo: "não duvido de nada. respeito todos. mas pra mim, morreu acabou." Tinha formação batista, mas desviara-se do caminho.
Não raro apaixonava-se. Quando não entendia o horóscopo - quase sempre - redobrava sua atenção, mirava todas. Por isso, quando a mensagem era clara, não hesitava.
Certa vez, viu a seguinte previsão: Aproveite, só hoje, sorte no amor e favorecimento no jogo. Animou-se, sua vida mudaria contrariando o mais verdadeiro e antigo ditado popular da humanidade.
Empolgado procurou a lotérica, arriscou sem disciplina alguma as seis dezenas. Já pensava como gastar tanto dinheiro com sua nova namorada, que ainda iria conquistar mais à noite.
Chegou cansado, porém empolgadíssimo com o sucesso que lhe aguardava. Ligou. Reservou uma dúzia e meia de rosas vermelhas argentinas. Buscou e foi entregar.
Sequer foi recebido. Taxado de louco e dispensado através de um torpedo, regressou cabisbaixo. Resolveu voltar a acreditar no ditado popular. Era isso, ficaria rico.
Ao conferir o resultado foi ao bar, encontrou um amigo antigo, divorciado, mas que retornara para esposa naquele dia e tinha ido receber uns trocos que o grupo tinha lhe rendido. Não teve dúvidas, carinhosamente como apenas um homem alcoólico saber ser, abraçou o amigo, beijou-o, disse o quanto lhe gostava e entregou-lhe o buquê rosal, para que a noite de retorno fosse mais temperada e aquecida. Garoava muito. Véu espesso de água descia e prateava a cútis negra.
Até hoje procura seus passos no zodíaco e atribui tal fracasso à nacionalidade das rosas.

terça-feira, 21 de julho de 2009

::: Conto

Os pés gelados, a mão seca, os olhos longe. O silêncio, que terrível é o silêncio. Não há mais ausência, espera, aquele olhar fixo no relógio, angústia também não há.
Tosse, tosse, tosse. Músculos se contraem. Silêncio.



domingo, 12 de julho de 2009

:: Poema

(quando nasce a saudade II)

folhas no chão
horizonte ao longe
marca salobra na face


:: Poema

Da Chuva


Alguns pingos
Sempre as mesmas gotas
Talvez
Sempre a mesma chuva
Fria, densa
Barulhenta e delicada
Ressuscitando fantasmas
Destilada
Simplesmente
Embala
Acalma


segunda-feira, 15 de junho de 2009

:: Poema


"avisa que é de se entregar, o viver"
 
Não sei do que é feita sua carne
Sei que é boa!
Largaria o parco emprego
Esta realidade insossa
E viveria de você
Mesmo porque
Todo o resto
São coisas à-toa

quarta-feira, 13 de maio de 2009

:: Poema

Esboço



O rabiscar de ideias
procura não dizer nada
passeia pela insignificância do traço
[vagueando no espaço
onde cabe tudo
e sem querer fazer
faz
recriando o mundo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

:: Poema

(quando nasce a saudade)
 
 
 
entardecer de maio
passos pela cidade
carinho de garoa na face.
 
 

 

terça-feira, 21 de abril de 2009

:: Poema

Da política
 
 
Na verdade
tudo que era não é
e o resto
não passou de vaidade

 
 
****
 
 
Das Utopias
 
 
 
O material empírico da utopia
não durou um só dia
explodiu no contato com a realidade
o que sobrou
virou
poesia.

:: Poema



Pretensão... (pela dedicatória)
 
Para Vinícius de Moraes
 
TUDO o que eu queria agora era um porre
porre profundo
onde encontraria o medo e o amor
onde por horas o mundo seria meu
e eu
o mundo.
 

terça-feira, 14 de abril de 2009

:: Poema


 
Despedida
 
há no retorno
um grito surdo
rouco
onde todo adeus
é pouco...

domingo, 12 de abril de 2009

:: Poema

Destino
 
 
Cada dia que passa é um passo
Rumo ao acaso
de teus beijos
de teus braços
onde me perco
me embaraço...
 

terça-feira, 31 de março de 2009

:: Poema


 
Teorema ( O Beijo)
 
O beijo existe
no silêncio constrangedor do diálogo
 
 
 
 
 
 
Teorema ( O Sexo)
 
 
Na dúvida disse sim
negava-se ao não
Na pior das hipóteses
Sexo mesmo ruim é bão
 
 
 
 
Insônia
 
Na pressa de dormir
Acordou
A lua que ia com a nuvem
Voltou
 
 
Da Crise
 
ouviu falar sobre ações tóxicas
prejudicando a economia
decidiu pela abstinência
por puro instinto de filantropia
 
 
 
 "Escrever não seja ofício alheio ao chão de viver."
 
Thiago de Mello apud Ricardo Albuquerque in Versos Ilegais. SP. 2001
 

sexta-feira, 27 de março de 2009

:: Poema


"Capoeira que é bom
não cai!
E se um dia ele cai
cai bem!..."
- Vinícius de Moraes, Berimbal -

- Da angola -

A malícia da ginga
dribla o ar e o outro
imitando os dias e a vida.


quinta-feira, 19 de março de 2009

:: Poema

Aula de Literatura





Vínicius cá dentro
chuva torrente lá fora
e eu por toda parte...

segunda-feira, 16 de março de 2009

:: Poema

Like Odisseu

no céu o caminho de casa
sigo longe a noite fria
manto-estrela que me abraça


:: Poema

Self

hoje tudo beirou o nada
sol e frio num mesmo dia
a terra rachou ressecada

: Texto

A experiência é infinita, nunca paramos de aprender, assimilar e sedimentar algum tipo de conhecimento: somos seres culturais. Isso me parece obvio e quase incontestável.

De certo modo, com a afirmação acima, espero deixar claro que não me julgo alguém pronto, acabado ou dono de toda sabedoria mundana.

Entretanto, creio já ter vivido o suficiente em anos e em situações para tecer algumas considerações sobre um dia de trabalho.

Certa vez, ao substituir uma colega numa sala de 1º ano do ensino médio, deparei-me com uma realidade triste, não absurda, apenas triste.

Adolescentes de no máximo 16 anos simplesmente ignoravam minha presença, era como se realmente eu não estivesse ali; decidi não gritar, não autorizar saídas da sala e me neguei a atender solicitações individuais enquanto não pudesse falar com todos e contextualizar minha presença e objetivo. Alguns me diziam: "Professor, dá um grito"; "Se você não berrar, não adianta"; "Vixi professor, você vai ficar aí até amanhã". Continuei em silêncio.

Não acredito no respeito automático por parte deles – algo como só o avental me garante -, mas acredito no respeito ao outro ser humano que divide o mesmo espaço que você, no respeito a quem vai lhe falar algo e você primeiro ouve para depois contestar, e, principalmente, no respeito a quem está trabalhando: seja porteiro, bedel, faxineiro ou professor. A falta de respeito à pessoa, ao outro que lhe é semelhante me entristece sobremaneira.

O comportamento em sala de aula não é exclusivo daquele espaço, os vejo no shopping, na rua, os pais reclamam do comportamento, há uma minoria de alunos sofrendo bulling (?) e colegas professores nos trazem relatos cada vez mais tristes e desanimadores. Talvez sejam apenas coisas da idade, mas se não tiverem limites e aprenderem a respeitar as pessoas agora, quando aprenderão?

A imaturidade os impede de fazerem uso de instrumentos conhecidíssimos como o grêmio escolar, ou qualquer outra associação, para subverterem e melhorarem um tipo de ensino que não os agrada. Apenas se formam mal e causam muito, muito transtorno.

Não fosse nada não me entristeceria tanto, contudo, sendo filhos de quem são, podendo o que podem, esses serão os chefes, os empresários de amanhã – muito provavelmente alguns serão também políticos, afinal de contas, são parte de uma das elites que vivem em terras brasilinas.

Penso e ouço dizer que estamos em transição, numa fase em que nos remodelamos enquanto sociedade e que isso implica em perda, ou melhor, em transformação de valores - confesso ser difícil apontar vilões e vítimas: quem sabe somos todos, em certo grau, mocinh@s e bandid@s – porém não consigo disfarçar minha tristeza, saí completamente arrasado da sala, tão ignorado quanto antes. Pela primeira vez pensei em desistir. Espero seja só vaidade.

quinta-feira, 12 de março de 2009

:: Poema

 
Dia de Sol (dentro do escritório)
 
a pele se espinha
diante do fio gelado
do ar condicionado

sexta-feira, 6 de março de 2009

:: Poema

 
árvores sem movimento
o vento sucumbiu
à quentura do momento
 
 
 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

:: Poema


Consumindo

"Alimente sua alma, não o capitalismo"*

Tudo o que consumo
se consome
dentro do vazio de mim




* Pichação num túnel de São Paulo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

:: Poema

Thalíptico Momento*
Para Thalita Pacini


Chegou tarde
Foi-se cedo
E meus olhos
Tristes esperam sua volta.



* Neologismo gentilmente cedido pelo poeta Edner Morelli

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

:: Poema

Para Thairiny

quase sempre
resumo a vida assim:

a tristeza do sax
versos
alegria do tamborim

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

:: Poema

Conclusão (às 18h na marginal)

esbraseia o horizonte
de repente toda pressa
vira ontem

domingo, 1 de fevereiro de 2009

:: Poema

não raro
apagam-se as estradas
e a vida vira um eterno-não-ir
sente-se a respiração
escuta-se o eco das batidas
é possível sentir as hemácias
percorrendo seu caminho até o fim
enxerga-se os flashes das conexões neurais
:uma tempestade de raios
"tudo claro"
à volta não há mãos esticadas
nem para o aceno
só resta o cerrar dos olhos e esperar...
é manhã.

:: Poema

Depressão:

Qualquer faísca é holofote
para vencer a escuridão!

:: Poema

Destino

gotas percorrem
sem medo
o caminho da folha


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

:: Poema

Perfil

Para um retrato em especial

linhas e traços
compõem o mistério
ambíguo do belo

:: Poema


folhas amarelas
pintam a árvore
atrás da janela

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

: Texto

Eu e a insônia

Não sei bem o motivo, mas algumas noites simplesmente parecem impossíveis de serem aproveitadas pelo sono, apenas não durmo, fico aceso como se pudesse normalmente trabalhar, conversar, estudar – como se fosse dia.

O único problema é justamente o dia, o dia seguinte. Minhas maquinações noturnas além de me deixar em péssimo estado, não pagam contas: triste afirmação.

Uma vida condicionada às contas, ao mínimo de dignidade, parece automaticamente excluir devaneios noturnos, experiências poéticas que não irão aflorar meio-dia, reflexões despertas por uma mente inquieta ou por situações sociais rotineiras, mas que incomodam – a intenção talvez seja esta, não permitir que pensemos, que tenhamos tempo para a sensibilidade natural e espontânea.

Minha pequena teoria conspiratória pode facilmente ser confundida com idéias de um vagabundo, preguiçoso, pisciano solitário com a cabeça no mundo da lua, talvez seja isso sim, talvez...inclusive por isso, parece ter todo o sentido.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

: Texto

Algumas reflexões e homenagem a um ex-solteiro...

Não raro ouço reclamações, casos e "causos" sobre expectativas frustradas em namoros e casamentos – eu mesmo tenho alguns –, mas tentarei ser mais amplo.

Hoje acordei com meu Pai falando alto, me propus a escutar para saber qual era a dificuldade matinal do velho, pois não havia necessariamente uma, ele apenas se declarava à minha Mãe, como de praxe, só que desta vez com maior humor e extensão.

São quase 40 anos de casamento, 4 filhos e 5 netos. Olho isso com um pouco de distância e fico impressionado. As dificuldades não cessaram desde o início, entretanto digo com certeza que o amor é maior. Se acumulam frustrações? Acho que sim. Se são felizes? Com certeza.

Mais do que amar as qualidades, uma vez que isso não é nenhum sacrifício, vejo hoje que o mais importante após conhecer seu parceiro ou parceira é amar também seus "defeitos". Não os corrigíveis e que cederão, transformarão ou simplesmente desaparecerão com o tempo e maturidade, digo, principalmente, os que não irão embora, aqueles com probabilidade de piora, inclusive.

Vejo isso ao observar casais felizes e próximos a mim. Futebol, videogame, música, cervejadas ou academias: esses casais não simplesmente chegaram a um meio-termo, eles se aceitaram por completo sendo um já antes de casarem. Brigam, reclamam das famílias, choram como todo casal, contudo carregam um brilho no olhar diferente, são realmente felizes!

Vejo isso nos meus Pais, vejo isso num amigo-irmão que se casará em breve, e em outros poucos casais. Talvez cometa agora certa injustiça com tantos outros casais que conheço, mas naturalmente felizes conto-os em uma única mão e as semelhanças são nítidas.

Tolerância é bom, mas aceitação é gesto de amor, sempre seguido de compaixão, acolhimento, fraternidade e sacrifício.

Não sou profeta do amor, essa receita não é passível de cópia, cada casal, família, grupo social tem de encontrar a sua, já vi caras-metades se separarem antes e depois do casamento porque ilusões, estereótipos ou algo do gênero não deram vez à compreensão mutua, à caridade, logo, não houve aceitação.

Espero que este próximo casamento seja fonte de muita alegria e vitória a 2, 3, 4...no mínimo como a história do primeiro casal citado. E, claro, desejo isso aos demais casais sem distinção.

Termino dando voz a um adesivo que tive a oportunidade de ler muitas vezes, um grande lugar-comum, mas verdadeiro: "o ato de amar é eterno..."