terça-feira, 31 de março de 2009
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sexta-feira, 27 de março de 2009
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quinta-feira, 19 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
: Texto
A experiência é infinita, nunca paramos de aprender, assimilar e sedimentar algum tipo de conhecimento: somos seres culturais. Isso me parece obvio e quase incontestável.
De certo modo, com a afirmação acima, espero deixar claro que não me julgo alguém pronto, acabado ou dono de toda sabedoria mundana.
Entretanto, creio já ter vivido o suficiente em anos e em situações para tecer algumas considerações sobre um dia de trabalho.
Certa vez, ao substituir uma colega numa sala de 1º ano do ensino médio, deparei-me com uma realidade triste, não absurda, apenas triste.
Adolescentes de no máximo 16 anos simplesmente ignoravam minha presença, era como se realmente eu não estivesse ali; decidi não gritar, não autorizar saídas da sala e me neguei a atender solicitações individuais enquanto não pudesse falar com todos e contextualizar minha presença e objetivo. Alguns me diziam: "Professor, dá um grito"; "Se você não berrar, não adianta"; "Vixi professor, você vai ficar aí até amanhã". Continuei em silêncio.
Não acredito no respeito automático por parte deles – algo como só o avental me garante -, mas acredito no respeito ao outro ser humano que divide o mesmo espaço que você, no respeito a quem vai lhe falar algo e você primeiro ouve para depois contestar, e, principalmente, no respeito a quem está trabalhando: seja porteiro, bedel, faxineiro ou professor. A falta de respeito à pessoa, ao outro que lhe é semelhante me entristece sobremaneira.
O comportamento em sala de aula não é exclusivo daquele espaço, os vejo no shopping, na rua, os pais reclamam do comportamento, há uma minoria de alunos sofrendo bulling (?) e colegas professores nos trazem relatos cada vez mais tristes e desanimadores. Talvez sejam apenas coisas da idade, mas se não tiverem limites e aprenderem a respeitar as pessoas agora, quando aprenderão?
A imaturidade os impede de fazerem uso de instrumentos conhecidíssimos como o grêmio escolar, ou qualquer outra associação, para subverterem e melhorarem um tipo de ensino que não os agrada. Apenas se formam mal e causam muito, muito transtorno.
Não fosse nada não me entristeceria tanto, contudo, sendo filhos de quem são, podendo o que podem, esses serão os chefes, os empresários de amanhã – muito provavelmente alguns serão também políticos, afinal de contas, são parte de uma das elites que vivem em terras brasilinas.
Penso e ouço dizer que estamos em transição, numa fase em que nos remodelamos enquanto sociedade e que isso implica em perda, ou melhor, em transformação de valores - confesso ser difícil apontar vilões e vítimas: quem sabe somos todos, em certo grau, mocinh@s e bandid@s – porém não consigo disfarçar minha tristeza, saí completamente arrasado da sala, tão ignorado quanto antes. Pela primeira vez pensei em desistir. Espero seja só vaidade.