terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

:: Poema

- Da graça das coisas... -

Que graça têm as coisas?
Graça nenhuma...
Por que teriam alguma?

::: Conto


- Sem título -

Adoro comprar rosas no farol. O improviso soa como originalidade, algo quase extinto num mundo ultra-pós-moderno. Nunca as entrego, murcham comigo. Não as quero matar, óbvio, contudo, creio ter certa lógica estar sempre preparado para surpreender.
Mesmo depois e apesar de tudo, ainda há um resto de romantismo em forma de açude, dentro deste árido campo de sentimentos que me tornei.

::: Conto



Algumas pessoas chegam tarde, tarde em tudo.
Sempre atrasadas e atrás dos ponteiros cegos de qualquer instante ainda não vivido.
E, por isso, sem que tenhamos que pedir ficam mais; e atrasados que são,
são sempre os últimos a partir.


:: Poema


- Da Dança -

Sob seus pés pinçam pisadas leves
de deleite e flor
Gira seu corpo em meus olhos
(Tão sinuoso quanto teu colo)
Que presos à distância, em meu peito
Despertam o doce e a dor
Arrastando meu foco, meu eu, meu dorso
"Pra lá...Pra cá"
No ritmo cardíaco do choro

:: Poema


- Angústia -

Quando o coração bate em você.


:: Poema


- O Mais do mesmo -

"devo seguir até o enjôo?"
Não me apresso mais
Não adianta correr
Aproveito cada passo dolorido
Num quase nunca querer chegar
Nunca sentir fome de novo
Nunca sentir saudades
medo, angústia...
Nunca mais sentir

A paisagem inóspita (éden contemporâneo)
consola e ampara a desesperança
o difícil erguer de pálpebras até onde não se sabe bem
onde
Algumas lembranças ainda formigam
extraindo um sorriso chocolate meio-amargo
mas ainda chocolate...
e depois do suspiro e uma tosse

os mesmos passos, dor, falta de pressa
o mesmo tudo.